Não quero mais escrever sobre tristeza - e confesso que me cansa dissertar sobre isso mais uma vez. Sei que fiz algumas promessas e pus meia dúzia de pontos finais, mas todas foram ocas e feitas com tinta apagável. Agora juro não jurar mais nada a ninguém; apenas rezo para que as palavras que escrevo com tanto afeto façam algum sentido - quiçá, todo. Tenho consciência de que meus apelos foram dignos de pena (não que pena seja algo bonito ou que dignidade sirva para tê-la) mas já aviso: desprezo esse tipo de manifestação. E agora eu relato com a destreza mais sincera que farei de tudo para buscar ares mais agradáveis. Bom, admito, a culpa não é toda minha. Simplesmente não há o que escrever sobre a felicidade; ela é feita para ser sentida, não descrita. A tristeza, entretanto, é diferente; quem sente sabe de sua amargura e acidez insolúvel, quem sente percebe as ausências e tem vontade de ficar só; e nesses momentos, não há algo melhor para fazer do que escrever, porque fazê-lo é como coçar uma picada de mosquito; às vezes sangra, mas sempre dá prazer. De um ponto de vista bastante pessoal, sendo vencido apenas pelo travesseiro e colo de mãe, os livros são os melhores acalmantes do mundo, superando até mesmo as mais generosas doses de drogas. Agora dá pra compreender? Ler, escrever e me envolver com a literatura de qualquer forma me traz paz, e quando estou feliz não preciso disso, porque a felicidade também me traz. É mais ou menos assim.
Hoje, escrevo.
(
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